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segunda-feira, 23 de junho de 2008

Como pedir bem...

Carlos Heitor Cony escreveu que, estando em uma certa cidade pelo mundo afora, presenciou, durante um bom tempo, um cego a pedir esmolas na porta de uma movimentada estação de metrô.
Perto dele existia uma placa e um recipiente de metal onde os transeuntes colocavam moedas. Na placa estava escrito :

"Sou cego. Preciso de sua ajuda para continuar sobrevivendo".
Ora, ao final do dia, muito pouco dinheiro era arrecadado, e o pobre deficiente visual saía sempre muito triste.
Por esse tempo, aparecia, no teatro do planeta Terra, a primavera, uma estação de flores e de alegria.
Ali perto dele, um senhor já vetusto, porém bastante inteligente, com ares de poeta, compadeceu-se do cego e resolveu ajudá-lo. Sem que ele percebesse, tomou a placa e escreveu novos dizeres :

"Sou deficiente visual. Estamos na primavera, mas, como você, não posso ver os milagres desta estação. Ajude-me para que eu possa pelo menos senti-la".


A placa foi então recolocada com os novos dizeres no mesmo local em que estava, e o cego continuou a pedir a sua sobrevivência.
Logo em seguida, as pessoas começaram a parar diante dos novos dizeres da placa, liam com calma, colocavam uma quantidade generosa de moedas no recipiente de alumínio e saíam sorridentes.
O cego começou a achar estranho ao ouvir a rapidez do tilintar do dinheiro caindo no metal. Sentiu que existia alguém perto dele e dirigiu a palavra ao vento, sem saber bem se a outra pessoa estava a ouvi-lo.

- É o senhor que está depositando tantas moedas na minha bacia de esmolas?

O homem então respondeu :
- Não. O que fiz foi tão somente mudar os dizeres da placa, tornando-os mais poéticos, menos lamuriosos, mais belos.

Leu-os então para ele.

O cego achou muito bonita a nova maneira de pedir, agradeceu ao velho e, aprendendo a lição, toda vez que começava uma nova estação, mudava os dizeres de suas placas, com citações à chegada do novo ciclo climático.

Ora, o que podemos tirar de lição :

Será que nós, muitas vezes em nossas vidas, não perdemos chances de aprofundar nossa felicidade por não sabermos pedir ?

Não precisamos ser poetas para saber pedir. Precisamos, sim, aprender a sentir mais que ver, a amar mais que viver sofrimentos.

REFLITAMOS no que acabamos de ler.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Contos da História - Novo

Ainda outro dia, li numa revista especializada em História que Alexandre, o Grande, quando empreendia uma de suas viagens de conquistas pela Ásia Menor, deparou-se com a seguinte situação: chegando a uma pequena cidade recentemente dominada ouviu falar de um cidadão chamado Diógenes - filósofo grego - que morava num local ermo, um pouco distante da dita cidadezinha.
Dizia-se que ele morava em uma casa muito pequena, mais semelhante a um barril de vinho, com apenas uma porta por onde ele entrava e também por onde adentravam os raios do sol a cada amanhecer.

Alexandre soube que ele era um grande sábio e, curioso, resolveu contratar um guia para conhecer de perto o homem tão falado nas redondezas. Para isso, resolveu contratar um guia, organizou uma centúria de homens, chamou um de seus melhores centuriões e, na manhã seguinte, pôs-se a caminho do local onde se dizia que Diógenes morava.

Aos primeiros raios de sol, deparando-se com a estranha casa, pôs-se de frente à portinha que dava acesso ao seu interior e exclamou:

- Diógenes, eu sou Alexandre, o Grande. O que queres que eu faça em teu benefício ?

O homem, ainda estupefato com a presença de tão famoso personagem, disse :

- Eu só te peço uma coisa : afasta-te da frente da porta de minha casa, pois estás a empatar os raios de sol que iluminam a minha alma ! É somente isso que te peço. Nada mais.

Todos os que estavam próximos ao grande general desabaram em grandes gargalhadas caçoando da resposta desconcertante que Diógenes tinha dado.

Foi então que Alexandre, entusiasmadamente, refutou :

- Calma, soldados que me seguem ! Tenho a dizer-lhes o seguinte :

Se eu não fosse Alexandre, o Grande, queria ser Diógenes.

Olhem ! Que lição o grande general nos dá.

A Síndrome de Diógenes é conhecida pelo fato de a pessoa se negar a existir.

Assim, pergunto :

Quantas coisas ou pessoas estão a nos empatar de receber os raios de sol que são fonte de iluminação em nossas vidas ?

Será que nós estamos, como Alexandre, sabendo reconhecer a importância de pessoas como Diógenes que, indubiltavelmente, se nos apresentam como pórticos de luz em nosso caminho ?

Será que nós mesmos não estamos sabendo afastar dos portais de nossa existência aqueles que obstacularizam a entrada da luz em nossos corações ?

Será que não estamos sabendo celebrar a vida ao início de cada dia ?

É bom que reflitamos.